Há expressões que abraçam, palavras afetivas que envolvem a pessoa triste, às vezes distante, como a dar um colo. Mas, aqui dos meus achismos, digo que a expressão "meus pêsames", especialmente se isolada, é por demais gélida e hoje em dia é usada apenas para cumprir protocolo - num rito social, é dita porque diante da morte a gente nunca sabe o que dizer, e essa expressão já foi cunhada para isso, aprovada, batizada e crismada. Ou seja, preenche o sentido, mas não transmite sentimento. Das vezes que a ouvi, senti que quem disse não era íntimo, que se esforçava em ser solidário num gesto até sincero, mas não estabelecia empatia com minha dor. A expressão colocava o falante em posição de distância, de pessoa estranha, alheia à minha vida. Porém, quem ouve tal expressão normalmente está precisando é de um abraço, que nunca é mudo. Diante da morte, se não houver intimidade ou sensibilidade suficiente para acolher, abraçar com braços ou palavras, 
acho que é sempre melhor emudecer.

- Esther Alcântara

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