ÁGUA CORRENTE

Aguei o passado
na minha aquarela
sem lhe tirar
a cor e o viço

nem as nódoas
ou quimeras
eu borrei

Só pra não correr
o risco de ficar
só pra não incorrer
na dor, por vício

Perdão pincelei
com água benta
que lacrimei

Só pra não ficar
sem perspectiva
só pra não nublar
o plano, o por vir

O amor eu repintei
na água corrente
de um riacho

Esther Alcântara

(Imagem: Rio Atibaia, aquarela de Nelson Caramico, Flickr)

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