NO DORSO DO POEMA
Não acredito
no lirismo cometido
feito jorro
antes do final
do jogo
que sentencia o poema
à poesia
nem no comedido
que arrasta palavras
em correntes.
Bendita, sim
a veemência passional
da preamar
e a violência doce
do canavial
quando o melaço queima
nos cantos da boca
e mãos de pilão
medem a pitada de sal
no dorso do poema.
(Esther Alcântara - 21 fev. 2015)
[Aos queridos Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, que tanto ensinam aos poetas sobre como alisar e lustrar o dorso do poema.
Gratidão também à poetisa Adriane Garcia, por me fazer refletir sobre o assunto.]
Imagem: Tyree Callaban
Nenhum comentário:
Postar um comentário